O nome dela é Mamie Philipps Clark. E, junto com o marido, Kenneth Clark, também psicólogo, concebeu o teste que você já deve ter visto nas redes sociais.
No teste, bonecas pretas e brancas são apresentadas a crianças brancas e negras, desvendando de forma crua e nua, todas as associações negativas feitas aos brinquedos e, obviamente, às crianças negras.
O embrião do famoso teste nasce na dissertação de mestrado de Mamie intitulada “O desenvolvimento da consciência em crianças negras de idade pré-escolar”, defendida em 1939.
Junto com Kenneth, Mamie exibiu bonecas negras e brancas para 253 bebês e crianças entre 3 e 7 anos. O detalhe é que naquele tempo não havia bonecas negras e elas precisaram ser pintadas de marrom.
Os pesquisadores então, provocaram as crianças de 8 maneiras.
- Me dê a boneca com que você mais gosta de brincar.
- Me dê a boneca que é uma boneca legal.
- Me dê a boneca que é feia.
- Me dê a boneca que tem uma cor legal.
- Me dê a boneca que se parece com uma criança branca
- Me dê a boneca que se parece com uma criança de cor
- Me dê a boneca que se parece com uma criança negra
- Me dê a boneca que se parece com você
Aqui, vou pinçar alguns dados coletados na pesquisa dos psicólogos americanos.
Ao todo, 93% das crianças entregavam a boneca negra na pergunta 6, mas somente 66% na pergunta 8. O que evidenciava que as crianças tinham percepção racial mas ainda não entendiam a própria identidade.
O total de 59% das crianças disseram que a boneca feia era a boneca negra e só 17% apontaram a branca. 67% das crianças preferiram brincar com a boneca branca e 59% disseram que a branca era a mais legal.
Algumas daquelas crianças demonstraram incômodo com as perguntas, duas correram e saíram da sala gritando. Outras davam risada e outras se justificavam. “Eu sou marrom porque peguei um bronzeado no verão”.
O experimento de Mamie e Kenneth foi primordial para o desfecho do processo Brown v. Board os Education of Topeka, em que os 9 juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos declararam que a segregação racial nas escolas do país era inconstitucional.
Eu acredito que esse experimento ainda teria respostas muito aproximadas, se fosse feito atualmente, o que demonstra a violência e permanência do racismo. E você o que acha?
- Com base em reportagem da revista Superinteressante publicada em 2 de junho de 2020 e assinada por Bruno Vaiano.